A Freguesia de Sequeade ou (Sequiade), situa-se na encosta Sul do Monte de Airó a 8 km da sede de Concelho (Barcelos) e 9 kmda sede do Distrito (Braga). Abrangendo uma área de 246 hectares, è percorrida pelo ribeiro do fulão que nasce na Freguesia de S. João de Bastuço, atravessa Fonte Coberta e Moure, onde toma o ribeiro de Real ou Regaínho (conforme os lugares por onde passa) acabando por desaguar no Rio Covo , afluente do Cávado.
Tem como Freguesias circunvizinhas Cambeses e Cunha, a Nascente; Bastuço São João, a Norte; Fonte Coberta e Carreira, a Sul; Moure e Airó, a Poente.
Sequeade é notável por nela ter existido um solar, talvez uma torre senhorial, dos cavaleiros e fidalgos ou «milites» que, assim dava um nome a uma estirpe local, do séc. XII a XIV, o que se torna notável.
Mas outros povos aqui permaneceram. Bastará referir as Mamoas da época pré-histórica, devendo existir sepulcros no local que se situa ao lado de um antigo caminho da Portela, "pelas latas", para o lugar de Agra ou Fulão.
Sequeade - Orago:- São Tiago, era abadia da apresentação da mitra. E, o abade, tinha a seu cargo trés Igrejas, a saber: São Tiago de Sequeade, S. Pedro de Sá e Crujães (Santa Comba) e nesta, apresentava, por sua vez vigário. A referência mais antiga a esta freguesia que se conhece remonta às Inquirições de D. Afonso II, datadas de 1220, onde é mencionada sob a seguinte designação:” De Sancto Jacobo de Ciquiad”, nas Terras de Faria. Aqui, o Rei tinha então reguengos, dos quais recebia o terço do pão.
Sabe-se que a primitiva Igreja Matriz de Sequeade esteve num outro lugar, um pouco a Nascente da actual, distante desta cerca de duzentos metros e nela foram sepultados os habitantes falecidos - como era habitual naquela época. A actual Matriz de sequeade, deve ter sido edificada por volta do ano de 1748. Tinha uma Torre com dois sinos, do lado direito da porta principal, elevada seis degruas acima do adro. Em frente (para poente) havia um portão e dois jazigos com grade, um de cada lado, um deles encimado pelo Anjo da Guarda (actualmente no cemitério) e, no outro, uma cruz em mármore. Nas costas da actual Igreja, com comunicação para o adro, foi construído, em 1935, o Cemitério Paroquial e, junto a este a Casa do Senhor.
A Casa do Senhor no decorrer dos anos 40/50 entrou em abandono, sendo destruídos imensos documentos que ali havia. Se calhar, hoje, seriam muito importantes para a nossa história. Restaram as suas paredes que, no ano de 1979 foram demolidas para ampliação do cemitério.
Não havia a estrada actual, mas havia uma avenida (caminho largo), para Poente e, na curva que subia para o lugar de Crasto, existia um largo, com um cruzeiro Renascentista, onde davam a volta as Procissões, das festas da Paróquia. Seguia-se um caminho, que fazia a ligação para Fonte Coberta (pelo Aido) e para Moure. O cruzeiro, foi derrubado, partido, perdido e, nos dias de hoje já não existe.
No principio de 1974, foi inaugurada uma nova torre, com cerca de 25 metros de altura, com quatro sinos, formada por trés arcos para aumento do coro e cobertura da porta principal.
A Igreja de São Tiago de Sequeade tinha um enorme passal, constituido por uma casa residêncial, terrenos de lavradio e de mato. Em 1896 o Abade- António Duarte, solicitou ao rei D. Carlos que lhe fosse cedido , com exclusão de uma parcela delimitada por caminhos, que è hoje o passal da Freguesia.
Por volta de 1908, por carta régia, foi-lhe cedido o dito passal e, dizem os mais antigos, que o abade declarou na missa, o seguinte: " Comprei o passal, para evitar que outros o comprem e não volte mais à Igreja". Ora esta habilidade não convenceu o Povo e, pelo menos , Cardoso Mendonça, ferreiro de profissão, do lugar da Mata, insurgiu-se contra esta medida.
Dentro dos limites desta Freguesia existiu uma outra que era a de São Pedro de Sá, que surge também mencionada nas Inquirições de D. Afonso II com a designação “ De Sancto Petro de Saa”, nas Terras de Faria. Nela se diz que o Rei tinha cinco casais ermos e um povoado. Havia aqui soutos reguengos dos quais davam metade das castanhas. Martinho Anes de Sequeira tinha aqui um campo reguengo usurpado á coroa, do qual não pagava pensão ao Rei. São Pedro de Sá è ainda referida no Censo da População de 1527: “ Titulo do jullguado de Farya" – a freguesia de San Pedro de Saa, 12 moradores”.
A freguesia de São Pedro de Sá foi anexada à Freguesia de São Tiago de Sequeade em 1749.
No século XVII, Sequeade tinha 67 vizinhos, enquanto que São Pedro de Sá tinha 40; no Século XVIII, as duas freguesias juntas contavam 91 fogos; no Século XIX, a população era de 380 habitantes e, pelo 7º Censo de População, era de 416 habitantes, sendo 182 do sexo masculino e 234 do sexo feminino, dos quais sabiam ler 46 homens e 5 mulheres.
No inicio do Século XVIII, São Pedro de Sá conservava ainda uma certa independência, o Padre Carvalho, na sua Corografia Portuguesa, diz que o abade de Sequeade celebrava missa um Domingo nesta freguesia e outra em São Pedro de Sá.
A sua Igreja Matriz, situava-se onde hoje está o nicho das Alminhas de S. Pedro, facto que é atestado pela descoberta de pedaços de telha, pedras de sepulturas e uma pia de água benta, entre outros objectos, aquando de escavações e plantações num terreno junto a esse Nicho.
Da sua Igreja e Adro, que Pascoal de Faria (casa do viso), comprou por alturas da venda pelo Estado dos bens da Igreja, foi herdado pela filha Deolinda, casada com Ludovino da Silva Pereira, que vendeu os bens de S. Pedro e mais tarde os terrenos e a casa.
O monte Airó fica sobranceiro a esta Freguesia e parece ter para ela importância arqueológica, pelo menos, constitui, de facto, uma riqueza para Sequeade. Pelas águas, a floresta e a História.
No seu alto existiu, mandada fazer em 1650, a Ermida de Santa Maria, reconstruída no ano de 1712, por um Ermitão, Simão Aires Lemos (que passava por primeiro fundador) e, nos começos do seguinte, sob a invocação de Nossa Senhora da Boa Fé. A Capela actual foi construída a cerca de 200/300m para Sul da antiga, da qual apenas restavam vestígios.
Apesar de isolada nas alturas pelo Monte de Airó, a freguesia de Sequeade não estava descontente com a sua sorte, pois pela acta da sessão da Câmara Municipal de Barcelos, de 26 de Janeiro de 1886, a população declarou não querer fazer parte do Concelho de Braga.
Para além da agricultura, a freguesia vivia muito da indústria de moagem, possuindo engenhos de serrar, moinhos movidos a água e a vento e uma fábrica de moagem a vapor.
Alem disso, também a indústria de mercenária estava bastante desenvolvida, fornecendo todo pais.
Sequeade é constituída por 253 habitações (censos 2001)distribuídas pelos 18 lugares que a compõem: Assento, Agra, Bacelo, Boucinha, Crasto, Fontainhas, Fonte D'Onega, Fregial, Fulão, Mata, Moinhos, Piedade, S. Pedro, Sá, Talhos, Venda Nova, Viso e Volta.
No que diz respeito à origem do topónimo “Sequeade”, este deriva do termo árabe “assequiat”, que significa “regato” ou “ribeirinho”.
No âmbito histórico-cultural, importa referir o nome de personalidades locais, que, no seu tempo, muito contribuíram para o orgulho da população de Sequeade, a saber:
- Álvaro Fernandes de Sá – Senhor da Torre de Sá, em São Pedro de Sá, hoje anexa a Sequeade. Foi escudeiro do Duque de Bragança e casou em Vila do Conde com D. Inês de Seixas, da primeira nobreza daquela vila. Teve dois filhos, Fr. Francisco de Santa Maria, Bispo de Fez, e Madalena Fernandes de Sá, que casou com Heitor Gonçalves Pereira, senhor da Quinta da Madalena com geração conhecida. Viveu muito tempo em Santa Eugénia de Rio Covo, com o seu irmão, que era abade da freguesia.
- Álvaro de Sá – Sobrinho de Álvaro Fernandes de Sá, foi senhor da Torre de Sá por compra, segundo opina Felgueiras Gayo, e está sepultado na Igreja de São João de Bastuço. Casou com D. Maria Rodrigues, da qual teve geração.
Foram também figuras ilustres desta freguesia José da Fonseca, do lugar de Sá, Custódio Vilaça, do lugar da Piedade, e António Pascoal de Faria, do lugar do Viso.
A avaliar pelos castros que aqui se encontram designadamente no Monte de Airó, Bastuço S.João tem certamente origens muito remotas e, através de documentação medieval é curioso ver também que, antigamente, eram referidos como oragos de Bastuço vários santos como São Félix, São Fins ou S. Pedro. Ora isto significa que aqui poderão ter existido uma ou mais freguesias, hoje desaparecidas, ou que o orágo desta freguesia terá sido posteriormente substituído. Como paróquia, Bastuço S.João, foi uma vigararia da apresentação do Cabido Da Colegiada de Valença do Minho e aparece documentada, como tal, a partir do Séc. XIII. Nas Inquirições de 1220 aparece com a designação De Santo Joahannne de Bastuzo e como terra “reguenga” das Terras de Faria. Como peças importantes do mosaico histórico desta terra, convém assinalar um par de capelas, aqui edificadas. Referimo-nos à célebre Capela da Boa Fé e à Capela de São Silvestre, esta fundada no século XV, por Joanne “O Pobre”, um nobre ermitão que, antes de ser sepultado no Mosteiro de Vilar de Frades, era visitado por personalidades ilustres como o Arcebispo de Braga ou o primeiro Duque de Bragança e a sua mulher D.Constança de Noronha. Segundo Teotónio da Fonseca, já nos limites de Sequeade, também existiu, aqui, uma outra capela com este nome, só que esta teria sido fundada, dois séculos mais tarde, por João Pinheiro Medanha.
Uma última chamada de atenção vai para a mais recente, moderna e bela igreja paroquial de Bastuço S.João, a qual foi transladada para o local actual há alguns séculos.
A Freguesia de Bastuço Santo Estêvão situa-se na bacia orográfica do Cávado e no extremo nascente do Concelho de Barcelos, de cuja sede dista cerca de 18 Km. Ocupando uma área de 193 ha, faz fronteira, a Norte, com as Freguesias de Encourados, Martim e São Julião de Passos (Braga); a Nascente, com Tadim (também de Braga); a Sul, com São João de Bastuço e Sequeade e, a Poente, com Sequeade e São Jorge de Airó. São seis os lugares que constituem esta Freguesia, a saber: Agrela, Bouçós, Fonte, Levandeira, Sampaio e Sourinho.
Há conhecimento de que Bastuço, Santo Estêvão foi uma Vigararia da apresentação do Colégio de Santo Agostinho de Lisboa (Graça), mas a identificação dos povos que aí se fixaram e as origens mais remotas desta terra são difíceis de determinar, pelo facto de existirem muitas perspectivas diferentes. Por exemplo, na fronteira com Freguesia de Encourados, no local conhecido por Castro, foram encontrados vestígios de construções antiquíssimas a que o povo chamou de “casas dos Mouros”. Em contrapartida, T. da Fonseca dizia que «os pobres árabes, se aqui estiveram, foi só de passagem». Assim, de acordo com a opinião deste autor, o mais provável será ter existido nesta Freguesia algum castro romano para vigiar e assegurar as comunicações pelo rio com a cidade de Bracara Augusta (Braga), o qual terá dado origem à vila ou cidade de “Pena Fiel de Bastião”. Esta incluiria, nos limites de Bastuço, Santo Estêvão de Airó, S. Jorge o Castelo de Penafiel, sede do julgado com o mesmo nome.
A raiz etimológica do topónimo desta Freguesia, ao que tudo indica, remonta à época pré-romana e, segundo várias interpretações de historiadores, pode provir de “bástulo” ou “bastinano”, nome de povos antigos que habitaram esta região, ou da palavra “Basto”, devido às muitas árvores de mato ou urzes que ali havia. Ainda segundo a opinião de Pinho Leal, “Bastuço” no português antigo, significa “bastinho”.
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